Gordos são rejeitados no mercado
de trabalho e vetados em concursos públicos, num tipo de discriminação que
cresce na mesma velocidade que os índices de obesidade.
Não gostam de gordos e tratam-nos
com repugnância.
O estilo de vida de pessoas que
sofrem com o excesso de peso, muitas vezes é pré-determinado pela sociedade,
carregada de preconceitos e discriminações, e sujeita a uma exclusão social
vinculada a imagem corporal.
A modernidade está carregada de
preconceitos das mais distintas vertentes: De gênero, social e padrões
estéticos a serem cumpridos e seguidos.
Como se fossem mandamentos, os
padrões de beleza, em especial, exigem de cada indivíduo uma cobrança
exacerbada, que os limita a estarem dentro de um modelo proposto e
pré-estabelecido por não se sabe quem, e quando tal modelo não se é cumprido ou
se foge à regra padrão, as pessoas são fadadas ao isolamento e a exclusão
social.
Mas vamos começar: foram-me
passados dois artigos (POR QUEM SABE APRECIAR AS MULHRES) que considerei bastante didácticos e elucidar de alguma
forma algumas mentes menos elucidativas e que aconselho a ler:
Resumindo: Há mais de duzentos mil anos o estereótipo da Mulher era visto, admirado e considerado como o símbolo da fertilidade
Com o avanço dos tempos modernos,
iniciou o ataque, preconceito contra obesos e que ao long dos tempos tem se
tornado um fenómeno histórico. Ou seja do símbolo de fertilidade passou a ser
visto como um símbolo de fraqueza e hoje como incompetência.
Talvez o que a população ainda
não tenha compreendido, é que a obesidade não é uma escolha, e sim condição do
indivíduo. Ninguém escolhe ser gordo, assim como ninguém escolhe nascer magro,
alto ou baixo.
No conhecimento popular o excesso
de peso é decorrente de condutas errôneas na alimentação somados a práticas
sedentárias, ok! Mas alguma dessas pessoas que apontam seus dedos para outros
que sofrem com a obesidade, a fim de criticar e julgar, já preocuparam para
refletir em que momento a obesidade começa e termina?
Apontar o dedo ao vizinho para mencionar que “é gordo” é uma simples forma de
criticar, julgar ou determinadamente essa pessoa sente-se bem em “criticar”.
Porém, a pessoa com excesso de peso enfrenta lutas diárias, seja por meio do
preconceito e discriminação rotineira que a sociedade o proporciona, ou pelas
inúmeras condições patogénicas que estão associadas, sejam elas de cunho
físico, genético, psicológico ou mental. E nesse contexto, a perda de peso
passa a ser não mais uma opção, mas uma solução para a saúde e muitas vezes
determinante para a vida.
Desta forma, podemos entender que
há muito mais entre o gordo e o magro do que pressupõe a nossa vã Filosofia.
É lindo quando vemos as pessoas em prol dos direitos humanos,
pessoas que lutam para diminuição de preconceitos raciais, sociais, que buscam
o fim da homofobia; de facto é admirável e honrável. Mas muito me admiro quando
vejo os mesmos, ou também outros dizerem que “a culpa é do gordo”, que “não
vendo roupas para o seu tamanho”, entre outros relatos que me deparo em várias
circunstâncias.
Não pensem que os gordos não se
importam… sim, Lutar contra a balança todos os dias é extremamente DIFÍCIL:
- É difícil realmente levantar o
peso gordo todos os dias e transportá-lo onde quer que se vá; Controlar a
tensão arterial; prever um AVC. É difícil cortar as unhas dos próprios pés ou cuidar
da higiene pessoal. É difícil se ver ao espelho. Comprar ou mesmo vestir uma
roupa. É difícil a locomoção. É difícil respirar. Ter uma fome infinita!!! É
difícil... Tudo é mais difícil!!!
Contudo, e ao invés de criticas sociais e campanhas inúteis pela saúde, que tal ajudar e integrar?
Que tal incluir os gordos no
mundo dos magros e saudáveis, com acompanhamento médico e psicológico por forma
a encontrar uma reeducação alimentar e desporto favoráveis às suas condições
fisicas, psicológicas e mentais? Não de forma monstruosa como assistimos aos
realitys shows… isso não é educar, é iludir!
Se forem a um medico, mandam-te
praticar desporto… mas quem acompanha?
Se quiseres fazer uma intervenção
cirúrgica em determinada área do corpo (não existem só barrigas, estômagos para
“retirar”) pagas e pagas bem!!!! Com que dinheiro se estás excluída nos padrões
visuais de um suposto trabalho?
Será que não têm consciência que
todos somos diferentes? Viva as diferenças!
Os magros, os gordos, os baixos,
altos, gays ou héteros. Todos nós somos feitos de escolhas, e são elas que nos
caracterizam, não é assim?.
Chega de comentários hipócritas
que não ajudam em nada a auto-estima de ninguém, e nem por isso diminuem o
preconceito!!!!
Ouvir comentários como: “usar
roupas pretas, ou então listradas na vertical por que vão diminuir visualmente o
teu peso”. Sim, ok, mas eu por acaso tenho que me sentir bem comigo mesma ou
com aquilo que a sociedade pensa do meu corpo? Este por acaso tem que se
submeter à exposição de terceiros, onde quer que eu vá?
“O teu rosto é lindo” – ok, a
pessoa em si deveria supostamente ser linda, não apenas o rosto, não precisarei
mencionar o que ficou sub-entendido, certo? No entanto o gordo responde: ah
obrigada mas tenho outras qualidades para além do meu aspecto físico, como por
exemplo: educação!
“Tens que emagrecer… tu és linda,
mas falo isto pela tua saúde” – a intenção é linda, a sério, mas partir do
pressuposto que a pessoa está doente por ter quilos a mais do que é “padronizado”,
sugiro que vá para a praça, monte uma barraquita de fast-food e apresente todos
os malefícios dos fritos, molhos e companhia. Talvez faça mais efeito.
“Não deverias comer tanto, faz-te
mal” – apesar de ser verdade, falarias da mesma forma para gente magra? O
discurso limitado “Fazer mal” não será apenas a tua opinião disfarçada de
que o obeso deveria comer menos? Mas quem pode dizer como deve ou não ser o
corpo de outra pessoa? Por acaso alguém paga as minhas calças do tamanho Plus
size?
“Estavas tão gira nesta foto, mas
deixaste-te engordar” - O “Estavas mas engordaste” deixa claro uma situação
contrária ao “Estar gira” e permanecer óptima, afinal de contas é o teu padrão
imposto naquele momento que se tornou negativo, não a minha forma de estar.
Aliás penso que devo ter engordado porque estava feliz demais para contar
calorias.
“Este fim de semana já cometi
algumas loucuras na minha alimentação” – Como se dieta fosse exclusivamente
reservado a gordas, afinal são as únicas que são descontroladas…
Penso cá para mim: se este fim de semana descompensaste a tua dieta, não culpes
as gordas pelos teus distúrbios emocionais.
“Que linda, emagreceste” – Antes de
proferir alguma frase deste género pense: magreza é sinónimo de beleza? A não
ser que a pessoa esteja a fazer alguma dieta com o objectivo de emagrecer, nem
sempre a perda de peso está relacionado a factores positivos. Já agora: que
linda??? Repara eu sempre fui linda!
“Ela não é gorda, ela é fofinha” –
hum… deixa cá ver, trata-se de uma negação usar diminutivos como se a pessoa
estivesse numa situação desfavorável, ou sobre uma posição de “pena”, logo
fofinha será entendido que “para uma gorda até não está mal”.
Fofinhos são os meus peluches, e
ser obeso não é sinónimo de erro. Simplesmente ela não é melhor, nem pior do
que ninguém!
A frase da minha eleição: “Só é gorda quem quer”.
Como já mencionei existem vários
factores que levam ao excesso de peso, um deles é a genética. Ninguém pode
dizer o quanto é fácil ou difícil emagrecer para outra pessoa, afinal cada
corpo é único e age de diferentes formas. Sem contar que essa frase dá a
entender que toda gorda (e só a gorda) é preguiçosa e não tem força de vontade. No entanto os preconceitos também são opcionais, sabiam?
Outra frase muito em vogue
“Homem gosta de gorda porque tem onde agarrar”
Alôoooo, quer dizer que depois de
tudo isto, ainda mencionam que a gorda só é boa porque tem como preencher as
mãos de um homem? Além de machista, essa frase reafirma aquele velho estereótipo
da gorda sexualizada, que não me parece em absoluto ser favorável, sem contar
que ofendem as pessoas magras. Substitui-se um preconceito em prol de
outro?
Então e que tal: agarrarem as vossas
próprias nádegas e apalpem o que quiserem porque não estou à mercê, só porque
sou gorda. Obrigada, de nada! (a não ser para o meu homem, obviamente)
Chega de manequins tão magros que
crianças de dez anos entrariam nas roupas que eles vestem.
Chega de distorção da realidade
nas passarelas.
E por fim, paremos de olhar torto
para alguém com alguns quilos a mais, a verdadeira beleza vai muito além dos
estereótipos.