sábado, agosto 26, 2017

PESSOAS PLUZ SIZE





Gordos são rejeitados no mercado de trabalho e vetados em concursos públicos, num tipo de discriminação que cresce na mesma velocidade que os índices de obesidade.
Não gostam de gordos e tratam-nos com repugnância.
O estilo de vida de pessoas que sofrem com o excesso de peso, muitas vezes é pré-determinado pela sociedade, carregada de preconceitos e discriminações, e sujeita a uma exclusão social vinculada a imagem corporal.
A modernidade está carregada de preconceitos das mais distintas vertentes: De gênero, social e padrões estéticos a serem cumpridos e seguidos.
Como se fossem mandamentos, os padrões de beleza, em especial, exigem de cada indivíduo uma cobrança exacerbada, que os limita a estarem dentro de um modelo proposto e pré-estabelecido por não se sabe quem, e quando tal modelo não se é cumprido ou se foge à regra padrão, as pessoas são fadadas ao isolamento e a exclusão social.
Mas vamos começar: foram-me passados dois artigos (POR QUEM SABE APRECIAR AS MULHRES) que considerei bastante didácticos e elucidar de alguma forma algumas mentes menos elucidativas e que aconselho a ler:
Resumindo: Há mais de duzentos mil anos o estereótipo da Mulher era visto, admirado e considerado como o símbolo da fertilidade

Com o avanço dos tempos modernos, iniciou o ataque, preconceito contra obesos e que ao long dos tempos tem se tornado um fenómeno histórico. Ou seja do símbolo de fertilidade passou a ser visto como um símbolo de fraqueza e hoje como incompetência.
Talvez o que a população ainda não tenha compreendido, é que a obesidade não é uma escolha, e sim condição do indivíduo. Ninguém escolhe ser gordo, assim como ninguém escolhe nascer magro, alto ou baixo.
No conhecimento popular o excesso de peso é decorrente de condutas errôneas na alimentação somados a práticas sedentárias, ok! Mas alguma dessas pessoas que apontam seus dedos para outros que sofrem com a obesidade, a fim de criticar e julgar, já preocuparam para refletir em que momento a obesidade começa e termina?
Apontar o dedo ao vizinho para mencionar que “é gordo” é uma simples forma de criticar, julgar ou determinadamente essa pessoa sente-se bem em “criticar”. Porém, a pessoa com excesso de peso enfrenta lutas diárias, seja por meio do preconceito e discriminação rotineira que a sociedade o proporciona, ou pelas inúmeras condições patogénicas que estão associadas, sejam elas de cunho físico, genético, psicológico ou mental. E nesse contexto, a perda de peso passa a ser não mais uma opção, mas uma solução para a saúde e muitas vezes determinante para a vida.
Desta forma, podemos entender que há muito mais entre o gordo e o magro do que pressupõe a nossa vã Filosofia.
É lindo quando vemos as pessoas em prol dos direitos humanos, pessoas que lutam para diminuição de preconceitos raciais, sociais, que buscam o fim da homofobia; de facto é admirável e honrável. Mas muito me admiro quando vejo os mesmos, ou também outros dizerem que “a culpa é do gordo”, que “não vendo roupas para o seu tamanho”, entre outros relatos que me deparo em várias circunstâncias.

Não pensem que os gordos não se importam… sim, Lutar contra a balança todos os dias é extremamente DIFÍCIL:
- É difícil realmente levantar o peso gordo todos os dias e transportá-lo onde quer que se vá; Controlar a tensão arterial; prever um AVC. É difícil cortar as unhas dos próprios pés ou cuidar da higiene pessoal. É difícil se ver ao espelho. Comprar ou mesmo vestir uma roupa. É difícil a locomoção. É difícil respirar. Ter uma fome infinita!!! É difícil... Tudo é mais difícil!!!

Contudo, e ao invés de criticas sociais e campanhas inúteis pela saúde, que tal ajudar e integrar?


Que tal incluir os gordos no mundo dos magros e saudáveis, com acompanhamento médico e psicológico por forma a encontrar uma reeducação alimentar e desporto favoráveis às suas condições fisicas, psicológicas e mentais? Não de forma monstruosa como assistimos aos realitys shows… isso não é educar, é iludir!

Se forem a um medico, mandam-te praticar desporto… mas quem acompanha?
Se quiseres fazer uma intervenção cirúrgica em determinada área do corpo (não existem só barrigas, estômagos para “retirar”) pagas e pagas bem!!!! Com que dinheiro se estás excluída nos padrões visuais de um suposto trabalho?
Será que não têm consciência que todos somos diferentes? Viva as diferenças!
Os magros, os gordos, os baixos, altos, gays ou héteros. Todos nós somos feitos de escolhas, e são elas que nos caracterizam, não é assim?.
Chega de comentários hipócritas que não ajudam em nada a auto-estima de ninguém, e nem por isso diminuem o preconceito!!!!
Ouvir comentários como: “usar roupas pretas, ou então listradas na vertical por que vão diminuir visualmente o teu peso”. Sim, ok, mas eu por acaso tenho que me sentir bem comigo mesma ou com aquilo que a sociedade pensa do meu corpo? Este por acaso tem que se submeter à exposição de terceiros, onde quer que eu vá?
O teu rosto é lindo” – ok, a pessoa em si deveria supostamente ser linda, não apenas o rosto, não precisarei mencionar o que ficou sub-entendido, certo? No entanto o gordo responde: ah obrigada mas tenho outras qualidades para além do meu aspecto físico, como por exemplo: educação!
Tens que emagrecer… tu és linda, mas falo isto pela tua saúde” – a intenção é linda, a sério, mas partir do pressuposto que a pessoa está doente por ter quilos a mais do que é “padronizado”, sugiro que vá para a praça, monte uma barraquita de fast-food e apresente todos os malefícios dos fritos, molhos e companhia. Talvez faça mais efeito.
Não deverias comer tanto, faz-te mal” – apesar de ser verdade, falarias da mesma forma para gente magra? O discurso limitado “Fazer mal” não será apenas a tua opinião disfarçada de que o obeso deveria comer menos? Mas quem pode dizer como deve ou não ser o corpo de outra pessoa? Por acaso alguém paga as minhas calças do tamanho Plus size?
Estavas tão gira nesta foto, mas deixaste-te engordar” - O “Estavas mas engordaste” deixa claro uma situação contrária ao “Estar gira” e permanecer óptima, afinal de contas é o teu padrão imposto naquele momento que se tornou negativo, não a minha forma de estar. Aliás penso que devo ter engordado porque estava feliz demais para contar calorias.
Este fim de semana já cometi algumas loucuras na minha alimentação” – Como se dieta fosse exclusivamente reservado a gordas, afinal são as únicas que são descontroladas…
Penso cá para mim: se este fim de semana descompensaste a tua dieta, não culpes as gordas pelos teus distúrbios emocionais.
Que linda, emagreceste” – Antes de proferir alguma frase deste género pense: magreza é sinónimo de beleza? A não ser que a pessoa esteja a fazer alguma dieta com o objectivo de emagrecer, nem sempre a perda de peso está relacionado a factores positivos. Já agora: que linda??? Repara eu sempre fui linda!
Ela não é gorda, ela é fofinha” – hum… deixa cá ver, trata-se de uma negação usar diminutivos como se a pessoa estivesse numa situação desfavorável, ou sobre uma posição de “pena”, logo fofinha será entendido que “para uma gorda até não está mal”.
Fofinhos são os meus peluches, e ser obeso não é sinónimo de erro. Simplesmente ela não é melhor, nem pior do que ninguém!

A frase da minha eleição: “Só é gorda quem quer”.


Como já mencionei existem vários factores que levam ao excesso de peso, um deles é a genética. Ninguém pode dizer o quanto é fácil ou difícil emagrecer para outra pessoa, afinal cada corpo é único e age de diferentes formas. Sem contar que essa frase dá a entender que toda gorda (e só a gorda) é preguiçosa e não tem força de vontade. No entanto os preconceitos também são opcionais, sabiam?

Outra frase muito em vogue

“Homem gosta de gorda porque tem onde agarrar”


Alôoooo, quer dizer que depois de tudo isto, ainda mencionam que a gorda só é boa porque tem como preencher as mãos de um homem? Além de machista, essa frase reafirma aquele velho estereótipo da gorda sexualizada, que não me parece em absoluto ser favorável, sem contar que ofendem as pessoas magras. Substitui-se um preconceito em prol de outro?

Então e que tal: agarrarem as vossas próprias nádegas e apalpem o que quiserem porque não estou à mercê, só porque sou gorda. Obrigada, de nada! (a não ser para o meu homem, obviamente)
Chega de manequins tão magros que crianças de dez anos entrariam nas roupas que eles vestem.
Chega de distorção da realidade nas passarelas.
E por fim, paremos de olhar torto para alguém com alguns quilos a mais, a verdadeira beleza vai muito além dos estereótipos.

O peso da obesidade no final das contas, chama-se: sociedade.