sexta-feira, outubro 24, 2014

Como calar a boca de alguém fazendo a pessoa ouvir a si mesma


Por mais que algumas pessoas tentem provar o contrário, simplesmente não é humanamente possível falar e ouvir ao mesmo tempo. Nossa corpo não permite.

Você duvida ainda assim? Bem… Quem chegou a essa conclusão foram os cientistas.

Eles realizaram experimentos calando as pessoas apenas forçando-as a ouvir o que saía de suas bocas. Parece coisa de filme de terror até.

Na década de 1950, Ludmilla Andreevna Chistovich, uma psicóloga da então União Soviética, já tinha chegado ao seu limite no que diz respeito a ouvir o tedioso discurso da propaganda que rodava incansavelmente por todo o país. Ela não estava sozinha nessa, obviamente. O sentimento era geral em ambos os lados da Cortina de Ferro. Mas ela decidiu fazer algo sobre isso, algo até um tanto poético.

Chistovich inventou uma técnica chamada “sombra do discurso” ou “interferência da fala”.
 
Essa técnica de “sombreamento” envolvia nada mais do que pedir às pessoas para falarem em um microfone enquanto usavam fones de ouvido. Chistovich, então, transmitia as próprias palavras da pessoa de volta para ela, com um atraso de cerca de 250 milissegundos.

Para a maioria dos participantes do estudo, isso os deixava sem palavras. Na primeira rodada de experimentos, apenas cerca de 25% das mulheres, e nenhum dos homens, conseguiram continuar falando enquanto se ouviam. Depois, mudando o atraso para 500 milissegundos, todos ficaram ligeiramente mais confortáveis. Mas o leve atraso de uma sílaba já era suficiente para calar a todos.

Após experimentos posteriores, a psicóloga Chistovich determinou que esse ligeiro atraso força as pessoas a processarem o seu próprio discurso, obrigando-as a se ouvirem como se as palavras estivessem sendo ditas por outra pessoa. Esse ato de ouvir a si mesmo acabou se revelando uma grande de uma distração para os participantes do estudo. 
 
Como calar a boca das pessoas?

Conclusão: é só fazer elas se ouvirem. Não é tão simples assim, mas a pesquisa da psicóloga Chistovich prova que funciona.

Mas e quanto as pessoas que conseguem falar, mesmo quando são desafiadas a ouvirem seu próprio discurso? Bom, essa pessoas também pareciam processar o discurso que estavam ouvindo, mas conseguiram ligar uma espécie de piloto automático para ler o que estava na frente deles. A atenção delas estava dividida, no entanto – de forma que se outras pressões fossem colocadas sobre sua atenção, elas seriam obrigadas a mudar essa técnica e acabariam se perdendo eventualmente.

As tentativas de forçar as pessoas superfocadas a pararem de falar foram muitas ao longo dos anos seguintes ao estudo proposto por Chistovich. Um dos mais recentes experimentos envolve leitura, fala e escuta, enquanto a pessoa dirige. Para a nossa alegria e segurança, a condução foi feita em um simulador e não na estrada de verdade. E, com esse experimento, os cientistas descobriram que “essas pessoas com uma ligeira vantagem de atenção”, digamos assim, poderiam manter atenção na estrada, ler e ouvir somente se a tela que estivessem lendo fosse colocada na frente delas. Qualquer mudança, mesmo que mínima, para qualquer um dos lados, e eles falhavam em pelo menos uma das suas tarefas.

In: io9

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