quinta-feira, maio 28, 2015

Glaciares do Evereste podem desaparecer ainda neste século


Os glaciares podem ter praticamente desaparecido da região montanhosa dos Himalaias onde se situa o Monte Evereste até ao ano de 2100, segundo um novo estudo internacional divulgado na publicação cientifica “The Cryosphere”.

"O pior dos cenários mostra uma perda de 99% de massa de gelo glaciar, mas mesmo que comecemos a reduzir ligeiramente as emissões (de gases poluentes), podemos ver uma redução de 70%", explicou o coordenador do estudo, Joseph Shea, à agência France Presse.

O investigador é hidrologista no Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado da Montanha, com sede em Katmandu, considerado uma autoridade mundial no estudo dos glaciares nos Himalaias.
Os investigadores observaram a zona da bacia do rio Dudh Kosi, no centro do Nepal, onde se encontram algumas das mais altas montanhas do mundo, entre as quais o Monte Evereste. Cerca de 410 quilómetros quadrados daquela zona estão cobertos por glaciares.

Shea integrou a equipa que em 2014 publicou um estudo, recorrendo a imagens satélite, que mostrava que os glaciares do Nepal diminuíram um quarto entre 1977 e 2010.

Recorrendo a anteriores medições, os investigadores desenvolveram um modelo que lhes permitiu perceber como os glaciares mudaram no passado e como podem vir a mudar no futuro. "Depois de testarmos o nosso modelo e acertarmos os padrões climáticos, aumentámos as temperaturas consoante diferentes cenários de emissões para obter cenários futuros", explicou, o que lhes deu uma estimativa de redução dos glaciares entre os 70 e os 99%.

Segundo Shea, o degelo dos glaciares poderá vir a formar lagos profundos que acabem por inundar comunidades nas montanhas.

Por outro lado, prosseguiu, o degelo também poderá afetar os recursos hídricos na região do Evereste, com menos volume de neve derretida no rio Dudh Kosi, que abastece as populações das montanhas. A redução do volume hídrico, sobretudo na fase das pré-monções, "vai provavelmente ter um impacto em futuros projetos hidroelétricos, porque não haverá chuva suficiente para as necessidades".

In: Expresso

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